segunda-feira, 25 de julho de 2011

me de a mão...

Era de manhãzinha. O sol ainda envergonhado de nascer enrubescia a face do céu. A estrada de terra se confundia no horizonte. O destino: oceano.

Aquele dia havia sido feito para ser belo, pensava enquanto o ruído do pneu embalava as suas primeiras horas. O vento matutino acarinhava sua pele e ninguém poderia lhe machucar. A velocidade do veículo era compatível com sua enorme satisfação ao vê-la ajoelhada no banco do passageiro finalmente cantando sem medo.

Eles viajaram durante toda a madrugada. A decisão tomada mutuamente, sem que precisassem pensar muito. Colocaram suas roupas mais coloridas e foram. Riam como se não existisse mais tempo para chorar. No banco traseiro o desnecessário para mais uma aventura. Era simples viver.a

Ambos se observavam livremente. O cheiro do eterno estava presente em seus corpos. Ele, acima de tudo, poderia voar naquele dia. Seu rosto iluminava-se pela condução de sua própria vida. Via-se a si mesmo no banco da frente, com uma grande estrada ainda a seguir. E era ao seu lado que queria viver.

Ela, poder-se-ia dizer, era tão bela quanto a luz do grande astro, agora já deixando a timidez pra lá e invadindo o céu douradamente. Ela nunca desistiu e seu dia chegou. Hipnotizava-se com o cheiro do eterno cada vez mais perto. Sorria, sorria e sorria. E o amava como exatamente da primeira vez.

Foi quando avistou não muito longe dali um pequeno casebre. Teve uma ponta de curiosidade por olhá-lo mais de perto: por um momento pensou que veria aquele rosto inventado por ela tantas vezes. Conforme o veículo aproximava-se se deu conta de que estava vazio. Ela soube então que o tempo de todas as maneiras havia finalmente se voltado a seu favor.

E o carro seguiu seu caminho. Oceano ali pertinho.

Malone terminou seu relato com lágrimas nos olhos. E me disse que nunca lhe fora tão difícil ser invisível como naquela manhã. Mas ele também precisava ser real de vez em quando, ele também queria me ser real.



Dedicado sempre, eternamente a Malone, aos dias de Oceano e aos presentes que a vida nos dá.