terça-feira, 22 de maio de 2012

quero contar uma história sem história.
cada coisa num lugar, cidade, cores e vértebras. giro ao redor de uma ponte estilhaçada que conecta o meu para o meu. 

e tenho um cabelo molhado, um sono ausente e ouço vozes falando ingles.

e sempre dor.

quero encontrar o lugar em que me perca decentemente.

domingo, 13 de maio de 2012

talvez o amor só seja aceito quando uma das pessoas de uma relação se doe de maneira a se consumir por inteiro, fazendo o impossível, o indescritível esquecendo-se de seu próprio ser vivente.

Com todo o direito a palavra dramática, pela qual sou tomada, percebo que a solidão apenas enfatiza o quanto amo e faço questão de amar e unir-me ao ser amado. Somente sendo sozinho é que se percebe a importância de cada ser em sua vida. E tal qual é a minha surpresa de saber o quanto também sou importante para mim.

Hoje amo alguém tanto quanto a mim e através dos olhos de outrem, incluindo o próprio ser amado, isso significa diminuir-se, significa esquecer-se de si. Com todo o respeito a opinião alheia, somente sei eu o que sinto. Sinto que amar alguém tanto quanto a si mesmo seja uma maneira de compartilhar essa vida que nos é dada de presente pelo ser Divino, afinal, somos todos peças de seu imenso e perfeito quebra-cabeças. As palavras que já foram escritas em Seu nome dizem para amarmos ao próximo como a nós mesmos. Infinito é o poder disso. Infinito é o meu amor.

A presença, a companhia, a partilha são alimento nessa vida tão dividida que vivemos. Dentro de nossas necessidades é necessário o tempo para o milagre do entendimento, da compreensão e principalmente da aceitação mútua.

Gostaria hoje de ser alguém que o mundo não pudesse arrancar pedaço, de estar sempre pronta, de ser coesa e equilibrada em minhas palavras e atitudes. Renascer todos os dias e não recordar as palavras ouvidas, a faca penetrada, a dor pronunciada num momento de nervoso. Mas não posso. Queria amar e não pedir nada em troca.

O que peço em troca é que esteja e seja aqui. Olhe nos olhos, pegue minha mão e acredite que existem outras maneiras de ver a vida. Que o peso pode ser dividido num abraço, num beijo, numa noite obscena de amor, num olhar, num silêncio. Em sonhos.

Não sei mais o que fazer. Talvez não deva me impor a nada. Tenha que esquecer que um dia olhei-o e tive certeza de que era o que buscava e que, desde então cada momento que não partilho com ele é um momento perdido. Pois olhando-o eu vejo a mim, tudo aquilo que já fui, que sou e também o que poderemos ser juntos.

Declaro meu amor diariamente de minha maneira louca, séria. Seja na palavra, seja no gesto e seja até em meu descontrolado desespero em pedir-lhe perdão se o feri com meu comportamento.

Vivo na intenção e ensinar-lhe um pouco da minha humilde óptica da vida, daquilo que também aprendi e sempre estou ávida por saber-lhe a sua.

Amo alguém como se fosse uma família.

Mas, creio que essa maneira já tornou-se obsoleta. Não posso obrigar-lhe a ser feliz comigo, também não posso pedir-lhe que se acalme ao meu lado. Não posso nada. Devo aceitar e tornar meu amor um grande silêncio...

Que a vida seja-te doce um dia. Que eu possa aceitar que não sou o que buscas e perdir-te perdão por ser inteiramente verdadeira e intensa naquilo que faço. Por não poder mais estar sem seu amor. Por saber que se algum dia ler essas palavras elas não lhe signifiquem nada.