quinta-feira, 17 de novembro de 2011

o amor pra mim já virou amizade, raiva, dor (e demorou para passar), vento e até mar.

mas agora, ele virou silêncio.
pois quando se ama um homem
o mundo se resume a um amanhecer
sem volta

e caibo ali, confortável
(sempre dolorosa)
repousando na cama de teu plexo aberto
e elegante

Quisera também que eu
nunca mais acordasse
se me permitisses o son(h)o
nessa tua saboneteira
infinita.

Desafio

-Quem é esse homem que decide-se pela noite?
Noite da alma, marcada, ruína.
Rosto jovem de alguém que talvez nunca aprenderá a amar...
E eu que pensava ter derramado lágrimas o bastante.

Malone me perguntava como que proféticamente, por quanto tempo mais eu ficaria ali?

-A vida Sempre acaba por nos chamar, soeur e há sempre alguém que insiste em não atendê-la.
Como eu.

-Por quê? Explica-me duma vez!

- Em palavras dela há uma única primavera em cada vida e é preciso aproveitá-la ainda que exista um inverno que a acompanhe. E há quem goste de sentir frio.
Eu me fechei aqui pois foi o que pude fazer, havia outras opções, mas eu escolhi perder. E ao que me parece, esse teu tal Homem de Amêndoas está vindo até mim, a viver como eu.

E como tu, que também fizeste a tua escolha, soeur.

Só não sei se vou querer aceitar também a ele.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Aprendi a viver com simplicidade, com juízo,
a olhar o céu, a fazer minhas orações,
a passear sozinha até a noite,
até ter esgotado esta angústia inútil.

Enquanto no penhasco murmuram as bardanas
e declina o alaranjado cacho da sorveira,
componho versos bem alegres
sobre a vida caduca, caduca e belíssima.
Volto para casa. Vem lamber a minha mão
o gato peludo, que ronrona docemente,
e um fogo resplandecente brilha
no topo da serraria, à beira do lago.
Só de vez em quando o silêncio é interrompido
pelo grito da cegonha pousando no telhado.
Se vieres bater à minha porta,
é bem possível que eu sequer te ouça

domingo, 6 de novembro de 2011

"Todas as coisas às quais me dou tornam-se ricas e me consomem" R. M. Rilke