domingo, 25 de novembro de 2012

a solidão transforma uma pessoa sem pedir licença


ela é quem escolhe a gente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012


Tem horas na vida que você se dá conta do quanto se explica: em casa, no trabalho, nos relacionamentos e até pra si mesmo.

Eu to me perguntando pra quê? Quem se importa tanto quanto você com aquilo que se tem a dizer? Com aquilo que sentimos? Quem percebe o quanto demonstramos que nos importamos com o fato de tentar a loucura de colocar em palavras o que nem pelo coração ou cérebro pode ser entendido? Isso é auto-flagelação.

Tenho preferido tanto o silêncio que quando tento fazer me explicar já não consigo mais. Perdi a vontade de falar, to com preguiça de me expressar, to tao vazia e quieta aqui dentro que meu coração tem preguiça de sentir. Todo e qualquer sentimento tomou meu coração de tal forma que hoje ele é tão pequenino e frágil que mal consigo dar-lhe carinho, pois esse já foi tomado.

Quero começar a ter que falar menos, mostrar menos, deixar de ter de fazer tanto esforço para ser compreendida. Ser vista como um alguém e não como uma máquina que está programada para ter os sentimentos mais certos.

Deus me livre me entender com as palavras. O que seria da minha escrita sem essas confusões?

Quero ouvir: Calma, eu to te entendendo sim!

Eu quero conversas em que eu não precise de roteiro, em que minha mente possa passear livremente pelas ideias. Não me insiro no tempo e no modelo de comunicação atual. Que me importa se meu pensamento não é linear? Só existe uma linha verdadeira na Humanidade que, tênue, conecta a Vida até a Morte e ainda assim ela é completamente irregular. Por que então eu tenho que ter pensamentos que façam sentido?

Pra que se mostrar tanto se na verdade a unica pessoa que tem que nos entender e valorizar o sentimos somos nós mesmos?

Havia uma foto. Uns grãos de poeira por em cima demonstravam que contraditório a única coisa que a tocava nos últimos tempos era a ação reversa do seu propósito : a de eternizar o tempo em forma de imagem.

Passo cerca de um ano sem minhas conversas com Malone. Receio escrever seu nome. Suas flores vazam água colorida pela casa. Ele se revela nas luzes da tarde que, dormem a sesta no tapete felpudo que não me pertence.

Escuto os ferrolhos de uma bicicleta velha a minha porta. Há um sorriso em seu antigo rosto juvenil o que me leva a crer que talvez em algum momento mudo Malone também pode (ou poderá) perdoar-se.

- Preciso voltar a escrever.
-Eu terei que partir em breve.
-Me perdoe Irmão.
-Toma, elas viverão sempre em ti.

Gostaria de contar mais histórias sobre Malone, mas sinto que estamos mudados...manchados num borrão dum antigo quadro e poucas coisas já nos afetam...Ele sempre fora um inventor de belezas.

Já eu sigo buscando as minhas. Onde um dia as vi meus olhos agora se cansam. Nada se compara àqueles olhos de garoa que viam tanto do mundo.

Sua beleza era minha expressão e hoje esse brilho parece não caber mais em mim. Depois da vida que se passa confesso que tenho medo dela. Dei flores, muitas flores a quem não poderia nunca recebê-las.

Criança partida em pedaços. Malone em algum lugar vive a tentar consertá-la, perdido no tempo e suspenso no ar.



Dedos ao redor da traqueia;
Por vezes sente-se afogar.
Submerge-se num mar de areia,
Onde o que me resta é desfazer-me e confundir-me.

- Me dê um pouco mais de chá antes que eu tenha que lhe deixar.
-Menina, não esqueça a Ternura. A Ternura, menina...dê-lhe a quem realmente mereça.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cadê que o que um dia foi vai voltar a ser de novo?
Cadê que sinto muita canseira...de tudo. De dia e de Noite.
Cadê quem vai olhar minha menina por mim?

terça-feira, 24 de julho de 2012

Temos muitos vazios.
O da alma.
O do cérebro.
O do mundo.
Mas só nos damos conta
de que todos esses podem ser
enfrentados de uma maneira ou de outra,
que tudo passa,
se esvazia e se preenche de novo
quando o outro vazio se faz presente:

O do estômago.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Tomei uma decisao.
Vou me abandonar de vez na solidao.
Melhor do que um coracao cheio de amor
e milhoes de estrelas no chao.
Chega da vida na contra-mao.
O Amor nunca é como a gente quer.

sábado, 7 de julho de 2012

Tirando o Mofo


Eu tento escrever. É difícil. Tantas coisas acontecem. Tanto amor próprio perdido no tempo e na ilusão de uma vida compartilhada, unida. Tanta solidão mal gasta. Tristezas estrangeiras e sonhos da mesma terra em que nasci. Vem e vão sempre viajando no tempo irremediável e cruelmente rápido.

A tardezinha cai e a temperatura também. Nenhuma dor se compara ao que sinto dentro, ao que penso e não paro de pensar. Sobre a dúvida de estar fazendo a coisa mais sensata para um futuro que eu nem sei se acontecerá. Uma vida que nem sei se vai acontecer e a ansiedade minando cada estrela de um momento, de um agora vivo e presente dentro de mim.

Preciso de uma limpeza interna. Um produto que chegue ao mais profundo vinco de meus azulejos, uma esponja para lavar a louça suja escondida dentro do armário, e mofando.

Preciso muito de um tempo para escrever. Escrever me consome e me completa como nada nem ninguém. Alguém que um dia pensei ser tanto me mostrou que para o amor acontecer entre nós precisava haver distância. Ele disse: ame-me menos.

Só que o que não se entende na vida é que existem tantos tipos de amor. O único que eu não posso viver sem é o meu amor pela escrita.

Centrifugar meus pensamentos como a roupa manchada e impregnada de suor para escoar tudo o que não pertence a mim.

Acho que só escrevo quando não amo. Amar sozinho é ruim. Escrever sozinha me faz bem. Acho que escrevo somente quando não amo.

Amar não é preciso afinal. Escrever é preciso.

Pronto troco fácil o Amor pela Escrita.

Não vou mais discutir, vou alvejar tudo. Talvez o Amor fique mais limpinho.

O Cravo brigou com a Rosa


Faz tempo que já faz tempo que certas coisas sempre aconteceram. Ao conhecê-lo seu mundo se abriu, passeavam pela prosa e poesia e ele até parecia aceitar que a vida é realmente mais bela quando queremos.
Ela nunca quis algo romântico ou grandioso, afinal abençoava seu sorriso quando dado as simples coisas do destino. Subiram algumas montanhas com dificuldades, sobreviveram a tornados e tempestades.
Ele era triste, muito. Ela nunca se acostumou a ficar despetalada. Só que dessa vez algo quebrou e não falo de vasos, afinal ela nunca se acostumou a ficar num único lugar. Tinha várias casas e cabanas onde podia simplesmente florescer. Era livre, sempre fora.
Estamos sempre saindo do lugar e essa pequena que desabrocha está pedindo um pouco se sombra e de sol.
Que não sejam tão longos os minutos e horas que esperaremos um pouco mais para sentir uma plenitude ainda que seja breve.
Talvez eu não escreva mais como antes. Tudo está mudando, tudo.
Ah! Que belos sempre são os primeiros dias de um novo amor.
 Resta saber quando realmente eles começam e terminam.

sábado, 30 de junho de 2012

hoje fui águia e voltei a forma humana em poucas horas
hoje encontrei um homem gentil que cumprimentou seus iguais que o olhavam como diferente
hoje eu vi uma mulher escondida sobre um véu, seus olhos pintados como os meus, ela recusou dar a mão ao homem : Deus não deixa.

têm-se cada vez menos tempo para observar pequeninos acontecimentos.
no meu tempo não é assim.

hoje a brisa invade o espaço meio cheio.
bom.
hoje as horas são bonitas, principalmente agora e antes também:

- Por quê você sempre diz que gosta tanto dessa parte do dia?

- Porque a essa hora eu costumo amar a vida.





Um dia de inverno seguida duma noite de verão. Viver! Obrigada Machado.

terça-feira, 22 de maio de 2012

quero contar uma história sem história.
cada coisa num lugar, cidade, cores e vértebras. giro ao redor de uma ponte estilhaçada que conecta o meu para o meu. 

e tenho um cabelo molhado, um sono ausente e ouço vozes falando ingles.

e sempre dor.

quero encontrar o lugar em que me perca decentemente.

domingo, 13 de maio de 2012

talvez o amor só seja aceito quando uma das pessoas de uma relação se doe de maneira a se consumir por inteiro, fazendo o impossível, o indescritível esquecendo-se de seu próprio ser vivente.

Com todo o direito a palavra dramática, pela qual sou tomada, percebo que a solidão apenas enfatiza o quanto amo e faço questão de amar e unir-me ao ser amado. Somente sendo sozinho é que se percebe a importância de cada ser em sua vida. E tal qual é a minha surpresa de saber o quanto também sou importante para mim.

Hoje amo alguém tanto quanto a mim e através dos olhos de outrem, incluindo o próprio ser amado, isso significa diminuir-se, significa esquecer-se de si. Com todo o respeito a opinião alheia, somente sei eu o que sinto. Sinto que amar alguém tanto quanto a si mesmo seja uma maneira de compartilhar essa vida que nos é dada de presente pelo ser Divino, afinal, somos todos peças de seu imenso e perfeito quebra-cabeças. As palavras que já foram escritas em Seu nome dizem para amarmos ao próximo como a nós mesmos. Infinito é o poder disso. Infinito é o meu amor.

A presença, a companhia, a partilha são alimento nessa vida tão dividida que vivemos. Dentro de nossas necessidades é necessário o tempo para o milagre do entendimento, da compreensão e principalmente da aceitação mútua.

Gostaria hoje de ser alguém que o mundo não pudesse arrancar pedaço, de estar sempre pronta, de ser coesa e equilibrada em minhas palavras e atitudes. Renascer todos os dias e não recordar as palavras ouvidas, a faca penetrada, a dor pronunciada num momento de nervoso. Mas não posso. Queria amar e não pedir nada em troca.

O que peço em troca é que esteja e seja aqui. Olhe nos olhos, pegue minha mão e acredite que existem outras maneiras de ver a vida. Que o peso pode ser dividido num abraço, num beijo, numa noite obscena de amor, num olhar, num silêncio. Em sonhos.

Não sei mais o que fazer. Talvez não deva me impor a nada. Tenha que esquecer que um dia olhei-o e tive certeza de que era o que buscava e que, desde então cada momento que não partilho com ele é um momento perdido. Pois olhando-o eu vejo a mim, tudo aquilo que já fui, que sou e também o que poderemos ser juntos.

Declaro meu amor diariamente de minha maneira louca, séria. Seja na palavra, seja no gesto e seja até em meu descontrolado desespero em pedir-lhe perdão se o feri com meu comportamento.

Vivo na intenção e ensinar-lhe um pouco da minha humilde óptica da vida, daquilo que também aprendi e sempre estou ávida por saber-lhe a sua.

Amo alguém como se fosse uma família.

Mas, creio que essa maneira já tornou-se obsoleta. Não posso obrigar-lhe a ser feliz comigo, também não posso pedir-lhe que se acalme ao meu lado. Não posso nada. Devo aceitar e tornar meu amor um grande silêncio...

Que a vida seja-te doce um dia. Que eu possa aceitar que não sou o que buscas e perdir-te perdão por ser inteiramente verdadeira e intensa naquilo que faço. Por não poder mais estar sem seu amor. Por saber que se algum dia ler essas palavras elas não lhe signifiquem nada.

domingo, 15 de abril de 2012

Acerca do Vazio (II)

Talvez fosse num lugar calmo assim que viria a encontrar Malone depois de tantos anos. Um ambiente a céu aberto, com luzes saindo do solo, o som de gangorras e gira-giras ao longe onde estaríamos sentados como dois bons irmãos que nunca haveríamos de ter e o vento sopraria carícias a nossos pés descalços.

Enquanto fumava um cigarro a música ao longe ensaiava começar, ele gosta de me ver assim. Sua presença me desafia pois ainda que eu insista em desafiar-me com ausências suas eu me sinto muito bem quando em momentos indecifráveis como esse me encontro só e feliz. Como se fosse uma espécie de medo da voraz realidade de que um ser pode ter plenitude consigo mesmo e mais nada.

Há quem prefira esquecer e há quem prefira insistir. Eu pensava no menino que talvez nunca me mostrasse sua alegria e sentia que feliz não era e não havia nada que eu pudesse fazer para salvá-lo a não ser pacientemente aguardar no mais puro silêncio que pudesse aguentar.

Nesse lugar eu via o mundo: pais e filhos, o casal que se deixava descansar pelo ruído da água atrás de suas cabeças, ora ele, ora ela (senti uma ponta de nostalgia ao observá-los); um grupo de jovens avassaladoramente sorridentes e a noite caindo por em cima de meus cabelos lavados.

Eu pairava suspensa ou seria o próprio mundo se consumindo pouco a pouco até encaixar certinho dentro do meu peito sempre ansioso (e às vezes até morto) nessa grande vontade de viver que lhe agradava e outra vez lhe cansava?

Tal como a fumaça que trago, me invade e me abandona em tão poucos segundos.


Dedicado a momentos e pessoas caóticas que me preenchem, me abalam e vivem a me ensinar.

14/04/2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Havia de encontrar o caminho de volta

de volta? Voltar?

Já estava ali há um certo tempo

Chão molhado inundava a roupa sua
Suor escorregadio sobre pele,

aproximou-se pulsação
quieto, morno. Mor... ta.

UmrostonoestilhaçodomomentoCru.

Encapou-se a face com tanto Tempo, Tempotanto, perdido, esquecido.

Em
pé.
Solvente não o deixava ver;
Quente quase pelando.
Cerâmica,
Cicatrizes,
Cerca.

Ele me olhava e eu o via muito longe e triste:

-Silencia-te
-Fico aqui
-Dá-me tua mão

Não sabia dizer se ficava ou se tinha ido.
Malone é sempre...




08/04/2012
18h.


domingo, 8 de abril de 2012

Domingo

...então é assim que constante termina.

com um gosto de ferro na boca.
um carro acelera, uma porta se fecha
a escada.

e só o ruído inventado mascara o choro

da estranha e inútil angústia de
não ter dado

Tempo.

Só que dessa vez teve chocolates.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Acerca do Vazio (I)

havia o vazio
do corpo em cima do meu
e sempre haverá

não me sai da memória

não tem saída
nessa vida
ou se ama também o vazio
ou não se ama ninguém

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não há mais rosas nesse caminho teu
E tem que deixar de existir
tem que acabar,
tem que acabar.

Sem rosas não se vive.
Sem rosas não se ri.
Sem rosas eu morri.
Mas um pouco
continuas aqui.

Deserto seco
meu coração é o solo rachado
com sede
sem vento.

Doente.

Vai.
E me deixe ser só sozinho
por pouco
e me deixe ficar louco em paz.