Eu tento escrever. É difícil.
Tantas coisas acontecem. Tanto amor próprio perdido no tempo e na ilusão de uma
vida compartilhada, unida. Tanta solidão mal gasta. Tristezas estrangeiras e
sonhos da mesma terra em que nasci. Vem e vão sempre viajando no tempo
irremediável e cruelmente rápido.
A tardezinha cai e a temperatura
também. Nenhuma dor se compara ao que sinto dentro, ao que penso e não paro de
pensar. Sobre a dúvida de estar fazendo a coisa mais sensata para um futuro que
eu nem sei se acontecerá. Uma vida que nem sei se vai acontecer e a ansiedade
minando cada estrela de um momento, de um agora vivo e presente dentro de mim.
Preciso de uma limpeza interna.
Um produto que chegue ao mais profundo vinco de meus azulejos, uma esponja para
lavar a louça suja escondida dentro do armário, e mofando.
Preciso muito de um tempo para
escrever. Escrever me consome e me completa como nada nem ninguém. Alguém que
um dia pensei ser tanto me mostrou que para o amor acontecer entre nós
precisava haver distância. Ele disse: ame-me menos.
Só que o que não se entende na
vida é que existem tantos tipos de amor. O único que eu não posso viver sem é o
meu amor pela escrita.
Centrifugar meus pensamentos como
a roupa manchada e impregnada de suor para escoar tudo o que não pertence a
mim.
Acho que só escrevo quando não amo.
Amar sozinho é ruim. Escrever sozinha me faz bem. Acho que escrevo somente
quando não amo.
Amar não é preciso afinal.
Escrever é preciso.
Pronto troco fácil o Amor pela
Escrita.
Não vou mais discutir, vou
alvejar tudo. Talvez o Amor fique mais limpinho.
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