quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Confissões entre irmãos

Malone sabe que eu estou pensando em tudo isso. Ele não diz nada. Só olha pela janela, agora sem vista nenhuma. A fora a noite cai. Por aonde vou?

Quando se passa muito tempo dormindo, é natural que se queira retornar às cobertas. O inverno estava aí, ma soeur. E eu ainda não sou suficientemente forte para defender-te.

Andei pela casa hoje. Percebi os cantos de pó na sala. Algumas janelas estão rangendo. Parei para ouvir o som que elas produziam. Bravas resistentes ao vento que as seduz.

Sabem que nunca mais será nunca. Que o nunca mais ainda que o sempre. Ainda que o sempre chegue a ser nunca. Você o observa. O cantor de estrelas continua aí fora e eu, bem, eu sigo cuidando das rosas que lhe plantei.
Preciso que plante mais.

O tempo passa. A vida passa. Eu queria poder viver por nós dois. E você segue acreditando no que quis acreditar. Naquilo que você inventou. Eu acredito em ti, ma souer. Só tu podes nos salvar. A minha vida é esse apartamento. Eu o inventei e o decorei e aqui estou. Agora te conheço e também sei do mundo pelos sons dos seus lábios.

Soeur, não há resposta. Ou você inventa o caminho ou você pede perdão a si mesmo por continuar fingindo.
E se tudo isso fosse uma mentira. Você fala tanto de mentiras. “Vivemos da desgraça”

E tantas vezes depois eu me lembraria de tudo aquilo que nunca vivi. E a vontade imensa de ter feito tudo diferente esnoba em mim todo seu poder.
Escrito em 26/06/09

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