terça-feira, 8 de junho de 2010

parece que foi ontem


Sim, nós celebrávamos! Celebrávamos como há muitos alvos amanheceres... E dentro daquele meu coração eu guardava infinitos grãos de areia roubados de uma praia que mais me parecia o chão de uma imensa catedral de adeuses.


Foi quando diante de mim pousou ( como dois soturnos gatos perdidos e confundidos com a transparência da noite fria e condenada a durar muito menos do que para sempre) um par de olhos que me segredaram em mudos gritos que o tempo é como uma pequena bolinha de gude: na infância você briga por elas, na maturidade você apenas as aprecia e na velhice, quando finalmente pode gozar de brincá-las já não mais as consegue enxergar.


Lá no fundo de minha eterna solidão estava a surpresa. E ele me olhava e me repetia sons sobre o amor. E o amor nos beijou e abraçou até a voz da aurora calar a noite e nos levar ao fim dos tempos ao som de uma certa canção que já não nos lembrávamos mais de algum dia ter ouvido.
E aquele abandono repentino e com perfume de eterno deu ao último beijo um amargo gosto de tempo perdido.


-Parece que foi ontem – alguém disse


E adormeci em seu colo de despedida.

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