Havia
uma foto. Uns grãos de poeira por em cima demonstravam que contraditório a
única coisa que a tocava nos últimos tempos era a ação reversa do seu propósito
: a de eternizar o tempo em forma de imagem.
Passo cerca de um ano sem minhas conversas com Malone. Receio
escrever seu nome. Suas flores vazam água colorida pela casa. Ele se revela nas
luzes da tarde que, dormem a sesta no tapete felpudo que não me pertence.
Escuto os ferrolhos de uma bicicleta velha a minha porta. Há um
sorriso em seu antigo rosto juvenil o que me leva a crer que talvez em algum
momento mudo Malone também pode (ou poderá) perdoar-se.
- Preciso voltar a escrever.
-Eu terei que partir em breve.
-Me perdoe Irmão.
-Toma, elas viverão sempre em ti.
Gostaria de contar mais histórias sobre Malone, mas sinto que
estamos mudados...manchados num borrão dum antigo quadro e poucas coisas já nos
afetam...Ele sempre fora um inventor de belezas.
Já eu sigo buscando as minhas. Onde um dia as vi meus olhos agora
se cansam. Nada se compara àqueles olhos de garoa que viam tanto do mundo.
Sua beleza era minha expressão e hoje esse brilho parece não caber
mais em mim. Depois da vida que se passa confesso que tenho medo dela. Dei
flores, muitas flores a quem não poderia nunca recebê-las.
Criança partida em pedaços. Malone em algum lugar vive a tentar
consertá-la, perdido no tempo e suspenso no ar.
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