terça-feira, 12 de maio de 2009

Eu estou sentada. Visto roupas muito claras e tenho cabelos compridos. É a primeira vez que estou assim. Nunca ninguém me viu vestir assim. Dentro de mim range um disco, uma música. Um tango interno que me instiga a bailar.

As pontas dos meus dedos dos pés têm um tom levemente rosa e de tempos em tempos sinto pequenos repuxos na região de minha grande articulação.

Eu espero, não sinto medo. Diante de mim só o Mar. Uma onda vem, umedece meu tornozelo. Sorrio. Experimento meus músculos da face ao sorrir. Ao confundir um raio de sol com o brilho de uma estrela descubro que tenho muito tempo para observar a natureza.

Eu havia caminhado até ali. Por e para ali. De certo, as pequenas dores físicas seriam causa de algum exagero pela rota que escolhi.

Desisto de acreditar que estou sozinha. Ela, a minha menina está comigo. Ah! Quanto tempo... E ela estava ali, brincando com seus castelinhos de areia que a água salgada insistia em destruir. Ela continuava a sorrir e a dançar. Olhava-me como a quem olha uma mãe.

Era chegada a hora de despir a roupa. O velho jeans largo que não cabia mais em minhas curvas endurecidas. Eu ficaria nua. E diria adeus àqueles que ficavam para trás.

Eu estou sentada diante do mar, nua, olhando para a união entre a criança e a natureza. Eu devo seguir adiante e continuar sentada. À espera de nada. Uma hora teria que mergulhar.... Ainda havia tempo. E era vermelho meu coração.

2 comentários:

  1. Passei por aqui e deixei Camões....
    "
    Quanta incerta esperança, quanto engano!
    Quanto viver de falsos pensamentos,
    pois todos vão fazer seus fundamentos
    só no mesmo em que está seu próprio dano!
    Na incerta vida estribam de um humano;
    dão crédito a palavras que são ventos;
    choram depois as horas e os momentos
    que riram com mais gosto em todo o ano.
    Não haja em aparências confianças;
    entendei que o viver é de emprestado;
    que o de que vive o mundo são mudanças.
    Mudai, pois, o sentido e o cuidado,
    somente amando aquelas esperanças
    que duram para sempre com o amado. "
    Camões

    E beijus aus tufus....
    Ieda

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  2. Passei por aqui e deixei essa reflexão, é bom meditar, entender é mais difícil...
    "
    O mais difícil de entender quando os amores acabam, são os porquês.
    Por que duas pessoas que se encontraram e se encantaram, viveram um amor que parecia indestrutível, se separam?
    Por que o amor geralmente acaba de um lado só e é o outro que fica chorando e querendo entender as razões?
    Amores deveriam ser eternos, mas nem sempre são.
    Costumo comparar casais
    a chave e fechadura.
    Nem toda chave abre todas as portas e é necessário encontrar aquela exata que vai se encaixar perfeitamente e tudo será possível.
    Mas a gente acredita que cada vez que alguém toca nosso coração e entra,
    que é definitivo.
    Um casal que se apaixona de início, sem que um tenha tido o tempo de desnudar o outro nas suas verdades, acredita nessa chama e até briga por ela muitas vezes.
    E cria-se sonhos, planeja-se o futuro...
    Enquanto isso os dias vão passando, toma-se menos cuidado em manter a magia e a parte dos dois que é mais sonhadora começa a sentir-se incomodada.
    Dá medo.
    Medo de ter que olhar bem nos olhos da realidade e dizer:
    Acabou!
    Medo de ter que se confessar a si próprio que ainda não foi aquela vez!
    Medo da solidão, de ter que recomeçar...
    Não são as decepções que matam o amor.
    Se assim fosse, não existiriam perdões e reconciliações. O que mata o amor é simplesmente a tomada de consciência de que o outro não é o ser sonhado.
    É como acordar
    depois de um longo sono e lindos sonhos.
    O outro está ali, é a mesma pessoa, mas aquela neblina que dava a impressão de irrealidade já não mais existe.
    E isso não acontece da noite para o dia,
    como se costuma pensar.
    É algo que vem com os dias, os hábitos, as monotonias.
    Um percebe, o outro não.
    Um começa a se sentir angustiado e o outro continua acreditando ou finge que acredita.
    E quando a gota que faz transbordar o vaso chega é o mundo todo que desmorona.
    Porém, tudo não fica definitivamente perdido.
    Sobra de um lado a dor, e os porquês,
    um resto de amor que teima em ficar no fundo como o vinho envelhecido na garrafa e do outro o coração dividido por não poder reparar erros cometidos e a vontade de continuar em busca de outros horizontes.
    Sobra para os dois a ternura e a lembrança dos momentos passados juntos.
    Por que corta-se relacionamentos,
    mas não se apaga momentos, mesmo
    que a gente queira.
    Vivido é vivido, feliz ou infelizmente.
    Inútil é querer resgatar um amor
    que resolveu partir pra outras direções.
    Quanto mais apega-se, mais ele se afasta.
    E quanto mais se afasta,
    mais dói no outro a incompreensão.
    É uma roda da qual é difícil de sair.
    E é uma pena, pois os corações não merecem isso.
    Quando a questão é amor,
    não existe justo ou injusto.
    Existe o que ama, e o que não ama mais.
    Precisamos aceitar que o outro não tenha os mesmos sentimentos, mesmo se isso nos faz mal, por que se o amor não for livre para se instalar onde realmente deseja, ele perde toda a razão de ser. "
    Beijos

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