domingo, 7 de junho de 2009

Hoje não choveu


"Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?

Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?"



Apesar da falta da chuva eu consegui chegar em casa hoje. Não foi necessário palavras ou gestos para que ele entendesse o que eu queria. Malone está triste.


Isso tem que terminar. E não diz mais nada. Só me observa. Me olha, me lê, me ouve e me descobre. Frágil.


Há certas coisas que jamais devem ser magoadas, ma soeur. Se eu pudesse me livrar de mim te defenderia de tudo.


Mas hoje não choveu. E nem choverá amanhã. E o acaso é o apelido da ironia. É irônico. Sinto vontade de chorar. Não há chuva e só uma tempestade dentro de mim. A noite esse vento gelado corta meus lábios, penetra em minha pele e faz arder as cicatrizes profundas deixadas em meu corpo por aquelas mãos. Aquelas mãos que me pedem tanto e me dão tão pouco. Mãos que me machucam, me quebram e não se importam com o sangue que me tiram. Mãos que chovem e alagam meu mundo inteiro. Vá, que tenho muito o que viver sem você.


Não há chuva no céu. Me despeço de um amigo. Você é o sempre. Sempre que vejo uma rosa me lembro de você. Sorrio. Obrigada. Quero chorar e chover em mim mesma a imensa dor de ver que inevitavelmente o tempo continua passando. E que há rosas por toda parte. E que precisam da chuva para compor o jardim.


O fim não esta longe. O que importa são os cacos de eternidade criados por nós mesmos.

Isso tudo não é real. Malone sempre esteve certo. Me olha e me ama. Sincero. Passaremos a noite juntos.


Abre a janela. Se quer ver o sol, fique longe da chuva


Tarde demais. Sorrio e repouso minha cabeça no parapeito da janela


Malone ri tristemente


Meu coração chove

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À bailarina, à costureira que foi chover em outro lugar e ao inverno que está chegando para me atormentar.

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