quarta-feira, 8 de abril de 2009

Respostas


Tudo o que damos ao tempo o tempo devolve, à tempo.

Não é uma frase que possa ser considerada uma grande novidade. Mas ao desligar o telefone após uma conversa de 90 minutos com uma grande pessoa e uma linda amiga (que ainda não descobriu o significado da palavra grande) foi o que me estimulou para escrever esse terceiro post.

Ha, eu nunca esperava isso. Mas sabia que, em sua primeira reação, ranzinza e irônico me diria que era uma questão de humildemente aceitar a ação impermeável desse nosso imponente companheiro.

E se o Tempo, senhor de si mesmo, impertinente, perene, inevitável parasse 1 hora? Eu respondi:

Eu chegaria àquela porta sem medo nenhum de dizer-lhe, a ele, que lhe dedico amor. Amor que traz consigo um toque de medo, uma aparência de eterno.

Devolver-lhe-ia o que roubei de mim para dar-lhe. Chamaria à sua janela e quando o visse e contemplasse o Oceano em seu sorriso nos encontraríamos num jardim. Ofereceria-lhe rosas. Sangraria minhas mãos ao retirar os espinhos, impedindo que ele se ferisse. Afinal, não se sangra mãos tão livres. Diria-me que também não posso sangrar... Ah! Que importa? Meu mundo e meu sangue já lhe pertencem.

Ele tombaria sua cabeça e choraria em meu peito, umedecendo o lugar que sempre fora seu. Nos recolheríamos a sombra de uma árvore e me diria que a vida é em sua essência boa e que não queria mais sair dali.

Olho em meu relógio do tempo, falta pouco. Tremo. Mas não temo, pois a eternidade estava bem diante de mim, eu podia ver-me refletida em seus olhos escuros.

Parei abruptamente.

Minha resposta, em primeira instância, pareceu-me muito pequena para a grandiosidade dessa pergunta.

Malone ergueu os olhos para mim. Certamente não esperava. Era a primeira vez que nos encontrávamos depois de muito tempo. Ele me confessava coisas, me contava segredos. Disse que pela primeira vez, depois Dela, sentia um nó em seu peito e tinha vontade de se sufocar com o vento.

Essa resposta confirma minha primeira frase. Se para Malone ainda havia tempo, haveria também para mim. Para todos nós.

Seu olhar uma vez mais invadiu minhas veias. Ele era muito forte e não sabia. Passamos a tarde diante do rio mirando nuvens que insistiam em brincar de sombras.

Um comentário:

  1. assim me conforta e alegra. como ja disse antes, volto a acrescentar; amo tua arte!

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